Quando a gente começa a namorar alguém, e o relacionamento fica sério e avança alguns anos, logo vem aquelas perguntas indiscretas e desnecessárias: “quando é o casamento?” “não esta na hora de casar não?”. Então você se casa e há uma certa expectativa social que presume que o próximo passo do novo casal é ter um bebê para aumentar a família.
Quando tive minha filha já estávamos casados há 9 anos! Imaginem a pressão que eu e meu marido sofremos por todos esses anos para termos um filho? Pois é, não faça isso! Por mais próximo que você seja de um casal, a intimidade, os anseios e os problemas são do casal, não seus! Não seja essa pessoa!
Eu tive um problema muito sério na minha coluna onde venho monitorando e tratando desde a adolescência e, com a artrite, minha gravidez deveria ser bem planejada, no mínimo 2 anos sem os remédios para começar a tentar. Pois foi isso mesmo que fizemos: Tentamos e tentamos muito… até que fomos ao general practice (clínico geral), para pedir alguns exames e entendermos o porque de eu não engravidar.
Todos os exames foram feitos, a médica nos disse que os espermatozoides do meu marido eram saudáveis, porém tinham a cauda muito curta o que acabava por dificultar a locomoção para a inseminação. Logo, ela achou por bem nos encaminhar para uma clínica de fertilidade.
Logo na primeira consulta o médico explicou de forma generalizada como as coisas acontecem e pediu que fossemos a uma palestra explicativa para ter uma ideia mais especifica e começar o tratamento. Lembro como se fosse hoje: olhei pro médico e disse “mas e se eu engravidar antes ou durante o tratamento?” e ele me respondeu que seria muito difícil, mas não impossível, uma vez que estávamos tentando por tanto tempo e eu nunca havia engravidado.
Passada uma ou duas semanas dessa consulta, antes de começarmos o tratamento, veio o resultado tão esperado – eu estava GRÁVIDA! Estávamos muito felizes, era tanta alegria que não cabia apenas em nós, compartilhamos com nossos a migos e família! Tudo estava perfeito! Fomos ao médico para dar entrada no pre-natal e descobrimos que eu estava com 7 semanas de gravidez e a primeira consulta seria com 10 semanas.
Quando completei 9 semanas meu marido decidiu que deveríamos fazer uma ultrassonografia para ver nosso bebê, estávamos ansiosos para ouvi-lo e conhece-lo. Marcamos numa clínica particular e fomos… Chegando lá, vimos o saco gestacional mas para nossa surpresa não havia batimentos cardíaco! Naquele momento, nada mais fazia sentido. Choramos juntos por alguns instantes e perguntamos à médica quais seriam os passos seguintes.
Fomos para casa. Chorávamos muito, alternávamos entre carinhos, palavras de conforto de um para o outro e mais choro. Naquela madrugada, fomos ao hospital para fazer uma segunda ultrassonografia e decidir as próximas etapas. O médico nos deu 3 opções: aguardar o organismo expelir; tomar um remédio para o organismo expelir ou fazer a curetagem (uma micro cirurgia onde o útero é limpo). Eu sou uma pessoa muito prática: o sonho acabou, então vamos colocar um ponto final o quanto antes, pra poder viver o luto do tamanho que é e assim poder seguir em frente, sem prolongar o que pode ser encurtado.
O luto nesse caso é solitário, ninguém entende a sua dor, a dor do casal, os sonhos que a tão pouco tempo atras traziam esperança e de repente não serão realidade. A parentalidade existente no invisível! No momento em que recebemos o positivo no teste de gravidez, daquele momento em diante o meu marido se tornou pai e eu me tornei mãe, sem parto, sem bebê, sem uma gestação completa, mas ainda sim PAIS.
Seguimos em frente: cirurgia, três semanas de repouso e férias. Fomos para o Brasil rever a família e os amigos, passamos a virada do ano na praia onde literalmente lavamos a alma! Deixamos ali todo nosso amor para nossa estrelinha e em meio aos fogos de artifício que iluminavam o céu pudemos dizer nosso adeus.
Perda gestacional, embora seja um assunto difícil, é mais comum do que se pensa. Porém, se é seu sonho ter um filho, não desista, viva o luto, procure ajuda e não tenha medo pois há sempre um arco-íris depois da tempestade. É por isso mesmo, que são conhecidos como Bebês Arco-íris aqueles que nascem após a perda gestacional. Eu tenho um arco íris e o nosso arco-íris se chama Laura.
Adorei, que bonito!! 😘
Obrigada! Fiz da dor meu arco-íris e espero ajudar outras mães de estrelinhas!!!
Espero que ajude sim!! Eu acredito que sim!
Realmente só sabe sobre a dor da perda gestacional quem a sentiu, até hoje choro a perca da minha princesa, 34 semanas.
Meu sincero apoio à vc! Que nossa dor possa ser compreendida por mais pessoas!!!